sábado, 9 de janeiro de 2010

Chuva e animais na Argentina (de Assunción à Jujuy)

Depois de nosso carro ser todo revistado na aduana (alfândega) argentina ingressamos no país dos “hermanos”. Com pouco mais de uma hora de estrada,aproximadamente as 23h nos deparamos com o maior temporal de nossas vidas . Havia um ciclone na estrada onde folhas e matos eram jogados no vidro do carro, chovia granizo e os poucos carros que ainda circulavam estavam com o pisca alerta ligado. Diminuímos a velocidade de 120 para 20 por hora, mas mesmo assim não dava enxergar o que vinha no caminho. Vimos um carro parado no parado e resolvemos fazer o mesmo. Paramos no acostamento de mato, e o veiculo que nos seguia fez o mesmo. Ficamos parados por cerca de 20 minutos até a chuva amenizar e seguimos viagem aumentando a velocidade aos poucos.

Logo após para alegria geral do Gordon e do retardado, achamos um posto de gasolina com “ducha”... um banho para todos e com certeza para nosso amigo fedorento Pedrão. Partimos novamente, pela longa estrada rumo a San Salvador de Jujuy eram mais de 1000 km ate chegar na última cidade “grande” antes da fronteira com o Chile.

E não faltaram surpresas nessa estrada, logo de cara a estrada era tomada por sapos ... coisa séria! Atropelamos cerca de uns trës mil sapinhos que invadiam a pistas feitos coelhos da patagônia ... para piorar no meio da madruga a ruta 16 estrada da qual seguíamos ficou precária , estilo as BRs baianas, mas fomos levando. Logo que amanheceu o Retardado do Bradão assumiu o volante e quando o Gordon achou que ia dormir no banco do passageiro, acorda com a freada do Brandão em cima de um cavalo... Alguém se recorda de algum episódio dessa dupla com este animal? Aí começou a cruzar vários cavalos, vacas, entre outros animais exóticos ,como um porco do mato... O melhor eram passarinhos suicidas que ficavam no meio da pista e voavam quando o carro passava... Lógico que nem sempre essas aves eram rápidas o suficiente, então nosso amigo Retardado matou duas delas no pára-brisa.

Para melhorar a situação, era domingo e não havia nenhuma loja aberta nas estradas do norte argentino. Postos de gasolina eram a cada 300km, uma loja de conveniência então... A fome já tomava conta dos três integrantes do Gildão, quando localizaram um mercadinho aberto em um dos muitos vilarejos que cruzavam na estrada. Lá conseguiram um pão velho, mussarela e mortadela. Antes não tivessem parado... Foi aí que começou a maior epidemia de todas: A FIEBRE DE PIELE...

O primeiro a sofrer dessa doença terrível foi o Gordon, que comeu e cochilou no banco traseiro. Acordou com uma dor de barriga terrível e para seu azar o próximo posto de gasolina estava há mais de 150km e não teve jeito. O Fedorento teve que parar o carro e foi ali mesmo, na estrada, no meio do mato, na chuva e tudo mais... uma diarréia terrível...



Quando tudo parecia estar tranqüilo, faltando uns 30 km para chegarmos em San Salvador de Jujuy , o Gildão deu a primeira brecha ... O carro parou de funcionar! O Retardado estava dirigindo e acelerava, mas o carro não respondia. Há algum tempo a luz de bateria estava acesa, o que indicava que a mesma não estava sendo carregada. Encostamos e por incrível que pareça uma caminhonete velha com dois hermanos parou para nos acudir.Eles nos deram a maior força! Como não tínhamos um cabo de chupeta, fomos rebocados. Tentamos utilizar o cambão (peça de fero obrigatória na Argentina que serve para rebocar carros), mas este poderia danificar o protetor de carter. Utilizamos uma corda que o Fedorento carregava em sua mochila, graças a seu sábio pai que a comprou. Fomos levados até a cidade de Palpala, 15 km antes de San Salvador, onde o tio de um dos hermanos era mecânico auto-elétrico. Depois da grande ajuda presenteados nossos salvadores com uma garrafa de vodca Absolut e o um Chocotone Copenhage que o Gordon tinha ganhado do chefe dele. Nosso novo amigo, o mecânico Sanchez, disse que o alternador havia quebrado e naquela singela cidade não encontraríamos a peça certa para o modelo do Gildão. O jeito seria levar o carro para Jujuy, onde teríamos que dormir e aguardar abrir uma oficina especializada, pois era domingo e tudo estava fechado...

Então, aguardamos quatro horas até o Sanchez carregar nossa bateria para fazermos a viagem sem a ajuda de um reboque. Nesse tempo, El Gordon que estava sofrendo da FIEBRE DE PELE, dormiu na calçada, enquanto o Retardado flertava com a filha do mecânico de apenas 16 anos. Ele chegou até a trocar telefone com ela , mas tomou bota. Ah, seu nome era um pouco estranho: Colo...

Após a saída de Palpala, chegamos a Jujuy onde conseguimos um Hostel bacana e pudemos tomar um merecido banho e comer uma bela carne argentina em um bom restaurante. Estavamos exaustos e passamos mais uma noite sem “boliche” (balada em “argentinês”). No dia seguinte, Acordamos e já fomos consertar o carro. O conserto custou o equivalente a 150 reais, bem mais barato que pensávamos. Então, partimos rumo ao Atacama pelas cadeias montanhosas de Jujuy.

DICAS DE VIAGEM: Vocabulário Automotivo

Uma das dificuldades que enfrentamos na viagem foi, obviamente, a língua castelhana que não dominamos. Andamos com dois guias de viagens que tem um vocabulário, mas nenhum deles tinha uma parte específica para os que andam de carro. Por isso aqui vão algumas palavras que vimos durante a viagem e aprendemos:


Adelantar – Ultrapassar
Aduana – Alfândega
Alternador – Alternador
Arrancar - Dar Partida
Arreglar – Consertar
Auto - Carro
Botar Basura – Jogar Lixo
Bateria – Bateria
Calle – Rua
Calzada - Pista
Carabineiros – Polícia Chilena
Ceder el Paso – Dar a preferencia
Cinturón de Seguridad - Cinto de Segurança
Coche - Carro
Cochero – Estacionamento
Conductor – Motorista
Conduzir – Dirigir
Curva Cerrada - Curva Fechada
Despacio – Devagar
Estrada – Estrada
Estacionamiento – Estacionamento
Feliz Viaje – Boa Viagem
Hielo – Gelo
Luces – Faróis (que devem andar sempre acesos nas estradas, mesmo de dia)
Lomada ou Lomo de Burro - Lombada
Nafta (Argentina) - Gasolina
Neumático - Pneu
Peaje – Pedágio
Peaton – Pedestre
Puente – Ponte
Estación de Servicio - Posto de Gasolina
Rueda – Roda
Rompido - Quebrado
Ruta – É como são chamadas as estradas numeradas pela a América do Sul
Semaforo - Semáforo

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

En las terras Paraguayas (de Foz a Assuncion)

No dia seguinte acordamos um pouco tarde e fomos cruzar o Paraguai. Entramos por Ciudad Del Este e paramos para comprar um som para o carro. O Retardado (Brandao) só tinha CDs de MP3 e o som original do Gil não toca MP3... passar 100 horas num espaco confinado com 3 homens não e fácil, sem os CDs do Brandão, seria mais difícil ainda. Em uma hora o assunto estava resolvido.

Comemos no McDonalds, trocamos o dinheiro do pedágio e seguimos viagem. Neste dia o Fedido ganhou seu apelido. Apesar da flatulência constante do Gordon e do Retardado, neste fatídico dia o Pedro esqueceu de passar desodorante... FILHA DA PUTA! Imagine passar 20h com um cheiro azedo ao lado. De dia e mais tranqüilo, abre-se a janela e ameniza, mas e a noite que esta frio? Joga o Fedido pela janela?

Seguimos viagem a peidos e sovacos. Retardado e El Gordon na frente e o fedido dormindo atrás. Quando rodamos os primeiros 100km, a policia paraguaia, encantada com nossa placa de São Paulo resolve nos parar. Diversas perguntas, abrir o porta malas, mostrar documentos...

Opa, cadê o carimbo no passaporte? Tinha que carimbar? Não nos avisaram na fronteira... Voces estão foragidos. Devem ser presos... Mas com uma pequena multa de 100 reais, podem voltar e pegar o carimbo.

O Dourado de 100 pratas que o Daniel puxou, ate reluziu na frente do gorducho paraguaio. La as coisas são mais fáceis... em terra onde muitos carros andam sem placa, motos são para 4 pessoas sem capacetes e caçambas de caminhão levam pessoas em cima da carga, um mero carimbo nada mais e que um detalhe...

Voltamos a tumultuada fronteira, perdendo assim duas horas de viagem. Passados os contratempos, cruzar o Paraguai foi tranqüilo ate que então chegamos a sua capital Assuncion. Estávamos famintos! Foi difícil achar um lugar pra comer, alias, e difícil achar qualquer coisa... Nesta terra não havia uma placa que indicasse onde era o centro, o bairro X ou o bairro Y. Rua Z ou Avenida W... Te vira! Compre um Mapa, um GPS, uma bússola, sei la... Perguntamos para um taxista como pegar o caminho que levava a ruta once que vai para a Resistencia (ARG). Acreditem, ele não sabia... Tivemos que perguntar para dois taxis mais ate conseguirmos achar o caminho certo. Paramos num posto para nos abastecermos de água, conseguirmos um trocado para os pedágios e partimos rumo a Argentina!












Boa Viagem! (de Sampa a Foz)

Sextafeira de Natal, dia 25 de dezembro de 2009 começamos nossa jornada em direção a Foz do Iguaçu. Saímos os três as 10h da manha, Brandão, Daniel e Pedro, de São Paulo abordo de um Astra Cinza 2001, o Astrogildo, ou Gil para os íntimos. Logo nos primeiros 300km de Regis Bittencourt uma chuva e a primeira surpresa: o carro da frente, uma S10 prata, perde o controle e capota. Encostamos rapidamente e corremos para ver se alguém havia se machucado. Sai do carro um cidadão pálido com a camisa do Curintia, sem nenhum ferimento e com apenas uma preocupação: se livrar do seu baseado! Depois falam que e preconceito.

Chegamos a Foz exaustos apos longas 15h de estrada. Paramos no pulgueiro de confiança do El Gordon (Daniel), e por apenas 50 mirreis, dormimos num quarto com apenas algumas formigas. O dono da hospedagem garantiu que as 10 baratas (20 menos as 10 que matamos) que estavam na fachada não entrariam.